quarta-feira, 30 de novembro de 2011

O perigo a caminho da escola


O que acontece nas cidades visitadas pelo O POVO é o retrato da situação de quase todos os municípios do interior do Ceará. Crianças transportadas para a escola em caminhões pau de arara enfrentam riscos cotidianamente
O que acontece nas cidades visitadas pelo O POVO é o retrato da situação de quase todos os municípios do interior do Ceará. Crianças transportadas para a escola em caminhões pau de arara enfrentam riscos cotidianamente Acopiara, Mombaça, Boa Viagem, Monsenhor Tabosa. O que acontece nessas cidades – em termos de irregularidades no transporte escolar – é um retrato de todas as cidades do Ceará, com raras exceções.

A grande maioria dos veículos que transportam alunos da zona rural, no interior do Estado, é pau de arara: caminhões e camionetas adaptados precariamente – e ilegalmente – para o uso escolar.

Acopiara

Por volta das 11 horas, em Acopiara, já é possível perceber o movimento de caminhões em pontos próximos aos colégios, pois chega a hora de levar a turma da manhã para a casa. O POVO vai até um colégio do município, de onde – a exemplo de outras escolas - saem vários veículos para localidades rurais.

O POVO escolhe um caminhão, cuja carroceria mede cerca de 4,5m de comprimento por dois de largura, um espaço de nove metros quadrados. Nele se apinham mais de 50 pessoas, com estudantes de idade variando entre sete anos e 18 anos. Além de alunos, os carros costumam levar carga e alguns outros passageiros, mediante pagamento.

O motorista diz que, nos dois anos em que ele dirige o caminhão, nenhum acidente aconteceu. Mal ele acaba de falar, uma criança fere o pé em um rolo de arame farpado, que seguia como carga na carroceria, sem nenhuma proteção.

O menino, cerca de 10 anos de idade, fica com o pé banhado em sangue, mas parece não se importar, não chora, nem reclama.
O POVO segue junto com as crianças, em cima do caminhão, que sai pouco antes do meio-dia, sol a pino. A sensação é que se está dentro de uma sauna, para o que contribui a fina cobertura de metal, que aquece ao ponto de um ferro de engomar.

Alguns estudantes vão sentados em tábuas atravessadas na carroceria, que são usadas como bancos, outros vão em pé, os mais ousados penduram-se nas laterais de proteção. O caminhão está lotado.

O veículo avança por uma estrada carroçável, corcoveando como se fosse um touro de rodeio. Não há onde segurar, a não ser agarrando-se aos bancos de madeira ou nas tábuas da carroceria.

“É muito ruim”, diz um dos meninos. “Mas pior é nos dias de chuva”, emenda outro, fazendo troça – e caem no riso, porque são crianças.
Durante a viagem, o caminhão vai parando e deixando os estudantes. Alguns ainda têm de caminhar um bom trecho para chegar às suas casas, como as quatro meninas do ensino fundamental -uma delas de sete anos -, que desceram quase no fim da linha: tinham pela frente mais dois quilômetros a pé, sob um sol fervente, sobre um chão escaldante.

Sacos plásticos


Se a coisa parecia ruim nesse caminhão, pior foi outro, que O POVO encontrou na mesma estrada, tomando-o na volta. A cobertura do caminhão era feita de sacos plásticos emendados um aos outros.
O veículo não tinha ao menos tábuas de proteção nas laterais e nem na parte traseira. Os bancos, de madeira fina, vergavam-se ao peso dos estudantes. A trepidação fazia o caminhão se desconjuntar, parecendo que iria desintegrar-se a qualquer momento.

“Estou acostumado”, diz um dos estudantes, de 18 anos de idade, “desde que comecei a estudar (aos sete anos) venho nesse tipo de carro”.

O caminhão para. As crianças pulam de cima da carroceria, ignorando a pequena escada de ferro roliço, difícil de usar, pois há pouco espaço para firmar os pés. E correm para dentro da escola fazendo a algazarra própria dos jovens.

Plínio Bortolotti
plinio@opovo.com.br

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Falta vacina contra gripe A no Estado



Treze pacientes do município estão com o vírus H1N1. São 286 suspeitos. Moradores aderem ao uso de máscaras cirúrgicas e álcool em gel. Situação é grave, mas não há vacina disponível


Para muitos moradores de Pedra Branca, a 261 quilômetros de Fortaleza, a rotina se encheu de cuidados desde que foram confirmados no município 13 casos de contaminação pelo vírus H1N1. E o número de vítimas da gripe suína (também chamada gripe “A”) tende a crescer apesar dos aparentes cuidados coletivos. Até ontem, segundo a Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), foram notificados 286 casos suspeitos. E não há vacina disponível para imunizar toda a população.


Não há estoque de vacinas contra a gripe H1N1 na Sesa ou no Ministério da Saúde. A informação foi confirmada pelo coordenador de Promoção e Proteção à Saúde do Estado, Manoel Fonsêca. Ele explica que há um pequeno estoque disponível em Santa Catarina, mas praticamente todo está vencido. De acordo com o coordenador, a vacina que existia foi usada na campanha de imunização, realizada entre os meses de março e maio de 2010. Manoel Fonsêca afirma que uma nova campanha de vacinação só deve ocorrer em 2012.


Enquanto isso, a população de Pedra Branca tenta se proteger. As máscaras cirúrgicas sumiram das farmácias e estão em muitos rostos. Assim como os tubos de álcool em gel, que, desde a semana passada, quando os primeiros casos foram confirmados, tornaram-se populares.


Na loja em que trabalha Cícera Elândia, 20, usar máscaras foi opção dos funcionários. “A gente, por falta de informação, começou essa prevenção. Não vamos ficar com o rosto desprotegido. Nunca se sabe quem a gente atende aqui, se a pessoa teve contato com alguém gripado. Fizemos essa prevenção porque ninguém se manifestou sobre como agir”, diz. “Infelizmente, a gente não cumprimenta mais ninguém pegando na mão”, lamentava.
Dúvidas


Na Praça Leonardo Mota, as dúvidas sobre o vírus H1N1 se espalham. “Quem tomou a vacina pode pegar a doença?”, questionava um mototaxista. “Não imaginava que essa doença vinha pra cá. Ninguém tinha ouvido falar”, comentava uma dona de casa. “Ouvi dizer que é menos grave que a dengue porque pra essa gripe tem remédio”, dizia a amiga.


Para tentar esclarecer a população, a secretaria da Saúde do município investe em informação. A secretária Tânia Parente se reuniu com coordenadores escolares e profissionais da saúde. “Nossa orientação é de que qualquer pessoa que tenha um início de gripe procure o hospital”, diz. Cartazes informativos foram postos em vários pontos da cidade. (Colaborou Rosa Sá)

Onde


ENTENDA A NOTÍCIA
Pedra Branca fica no Sertão Central cearense e tem cerca de 43 mil habitantes. Dezessete mil foram vacinados contra a gripe A, na campanha de 2010. Foram cerca de 94% das crianças com menos de 1 ano e 95% dos idosos.

Mariana Lazari
marianalazari@opovo.com.br


Vale investirá US$ 563 milhões na siderúrgica



Orçamento do ano que vem para a usina que será instalada no Pecém foi divulgado, ontem, pela companhia brasileira
A Vale prevê investir, no próximo ano, um montante de US$ 563 milhões na CSP (Companhia Siderúrgica de Pecém), a ser instalada em São Gonçalo do Amarante. O valor corresponde apenas ao aporte que será disponibilizado pela mineradora. Como a CSP é uma joint-venture da Vale (que tem participação de 50%), em parceria com a Dongkuk (30%) e a Posco (20%), o investimento total será, naturalmente, maior. A informação está presente no orçamento da Vale para o ano que vem, divulgado ontem. Atualmente, a CSP, que é a primeira indústria incluída na Zona de Processamento de Exportação (ZPE) do Pecém, está em fase de terraplanagem.


O empreendimento já conta com a Licença de Instalação (LI) para a construção da usina, tanto da primeira fase, quanto da segunda, na qual a capacidade de produção irá dobrar. Com a expansão concluída, a planta se tornará a maior usina siderúrgica do Brasil.


Produção
Como ficará instalada na ZPE, a CSP poderá destinar 20% de sua produção ao mercado interno. Este percentual representa, exatamente, a participação acionária que a brasileira Vale terá sobre a produção da usina. Essa parcela representa 600 mil toneladas de placas anuais na primeira fase e 1,2 milhão na segunda, quando será ampliada.


Já o restante da produção está dividido entre as sócias sul-coreanas do empreendimento, Posco (30%) Dongkuk (50%). No total, serão 12 milhões de placas de aço por ano, após o incremento. A Dongkuk levará sua parcela à laminação em suas usinas da Coreia do Sul e a Posco pretende vender as placas para o México, segundo adiantou o governador.


PIB
A siderúrgica cearense envolve um investimento de US$ 4,4 bilhões, em sua primeira fase. Quando concluída a segunda fase, a usina será responsável pela ampliação do atual PIB (Produto Interno Bruto) da indústria cearense em 48%, elevando a atual economia no Ceará em 12%. A CSP e a refinaria da Petrobras, Premium II, juntas, poderão responder por 60% do PIB cearense.


Fonte: Diario do Nordeste.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Deputada diz que governo pratica "assédio moral"


Ameaças da secretária estadual de Educação, indicando o endurecimento diante de um possível retorno dos professores à greve, foram criticadas por Eliane Novais, do PSB; líder do governo prefere minimizar as declarações.
A declaração da secretária estadual da Educação, Izolda Cela, de que está avaliando a possibilidade de “substituição imediata” dos professores que não comparecerem às aulas a partir de segunda-feira, foi motivo de críticas ontem na Assembleia Legislativa. Os deputados Capitão Wagner (PR) e Eliane Novais (PSB) consideraram que a declaração configura caso de abuso de autoridade e de assédio moral. Para o deputado Augustinho Moreira (PV) as “ameaças” demonstram que “a secretária não está preparada para o cargo”.

Na terça-feira (22), Izolda Cela disse ao O POVO que o Governo chegou ao “limite do que é sustentável para o Estado” e que não há previsão para novas rodadas de negociação com os professores, “porque já tivemos o suficiente tempo de negociação.” Amanhã, o Sindicato dos Professores no Estado do Ceará (Apeoc) realizará uma nova assembleia geral da categoria para decidir o retorno ou não à greve.

Da tribuna, Eliane Novais disse que o governo está pressionando a categoria e tenta cercear o diálogo com os docentes. “A secretária parece inflexível”, disse. Já o deputado Antônio Carlos (PT), líder do governador Cid Gomes (PSB) na casa, disse que o governo dialogou e continua dialogando, e defendeu os avanços da proposta apresentada pela Secretaria Estadual da Educação (Seduc). “Foram reuniões praticamente diárias para a construção desse projeto. Com o conselho do Fundeb, com o Ministério Público, e sindicato Apeoc. É uma injustiça dizer que não esta havendo diálogo”. Sobre a declaração de Izolda Cela, Antônio Carlos minimizou. “A secretaria se pronunciou sobre uma hipótese, caso venha acontecer (de a greve voltar)”.

Pela Apeoc

O presidente do sindicato Apeoc, Anízio Melo, disse que não quer que as reivindicações dos professores sejam usadas politicamente por opositores do governo. “O sindicato está fazendo o debate com a categoria. Queremos fugir do debate eleitoral de 2012”, disse. Apesar de ver as declarações da secretária como uma forma de pressionar os professores, por ter colocado questões jurídicas e sanções administrativas antes da assembleia geral dos professores, Anízio Melo diz que o sindicato não considera “a intervenção do governo no processo de decisão autônoma da categoria”.
 
O presidente do sindicato espera que, diferente do que ocorreu na última assembleia geral, a de amanhã seja tranquila. “Queremos contar com o apoio da opinião pública, dos estudantes e dos pais de alunos. A nossa discussão é para encontrar a melhor estratégia para garantir os avanços de alguns pontos, como resolver as pendências que ainda ficaram”.

Como

ENTENDA A NOTÍCIA

O clima se acirrou às vésperas da assembleia, o que pode ser uma indicação ruim para o governo. De qualquer forma, espera-se a prevalência do bom senso e, no final, que a decisão tomada preserve o interesse que realmente interessa: a dos alunos e suas famílias.

SERVIÇO

Assembléia Geral dos Professores
Quando: 25 de novembro às 8 horas
Onde: Ginásio Paulo Sarasate (Rua Ildefonso Albano, 2050, na Aldeota)




quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Circulação de Caminhões - Restrição ampliada para mais avenidas


A medida, com relação aos caminhões com tara acima de 2,5 toneladas, visa desafogar o tráfego durante obras da Copa
Desde o dia 1º de março de 2010, a circulação de caminhões com tara acima de 2,5 toneladas em dias úteis, das 6h às 20h, está proibida na Aldeota, Dionísio Torres, Meireles e Varjota. Porém, segundo Fernando Bezerra, presidente da a Autarquia Municipal de Trânsito, Serviços Públicos e Cidadania (AMC), pretende estender a restrição pelo menos para sete vias em Fortaleza: Raul Barbosa, Dom Manuel, Aguanambi, Domingos Olímpio, Via Expressa, Mucuripe e Leste-Oeste. Se a ampliação for concretizada os caminhões acima de 2,5 toneladas não poderão circular de 6horas as 8:30h e de 16h as 19h.
Na edição de ontem do Diário do Nordeste, a reportagem "Fortaleza pode entrar em colapso com as obras da copa" trouxe a tona a problemática do trânsito com as intervenções simultâneas para a construção de cinco túneis e três viadutos na Capital. Diante disso, algumas mudanças devem ser realizadas na Capital, e segundo o presidente da AMC, a ampliação da restrição de caminhões e a carona amiga são os principais recursos, pois o rodízio de carros conforme ele é inviável, tanto pela péssima condições de transportes públicos quanto pelo efetivo de agentes reduzido.
Entretanto, a medida não será estendida para as ruas do Centro, já que segundo Bezerra, há anos a proibição já é aplicada no bairro. Porém, ele afirma que diariamente dezenas de motoristas dirigindo caminhões acima de 2,5 toneladas são flagrados no local. "As multas se acumulam a cada dia, pois os condutores não respeitam a legislação, a nossa fiscalização é efetiva na área", diz.
Para Fernando Bezerra, a medida de ampliação da redução de caminhões, que ainda não tem prazo para se estabelecer, mais está sendo avaliada por técnicos do órgão de trânsito, deve desafogar o trânsito da cidade que ficará muito difícil no período das obras da Copa. "Tenho consciência que o trânsito vai ficar muito difícil nos próximos dois anos, entretanto já estamos nos planejando para evitar maiores transtornos. A população de Fortaleza vai sofrer um pouco, mas sorrirá depois".
Ainda conforme Bezerra, nesta quarta-feira a equipe da AMC estará reunida com a equipe do Programa de Transporte Urbano de Fortaleza (Transfor) para iniciar o planejamento dos desvios durante as obras. "Vamos pensar com antecedência em todos os detalhes, talvez teremos que fazer adaptações de vias em cima de trilhos para desafogar algumas avenidas", diz.
Para o presidente, outra conduta que deve ser adotada pelos motoristas é a da carona amiga, já que não há a mínima condição, segundo ele, de ser aplicado o rodízio de veículos na capital. "Vamos fazer campanhas para reduzir o número de carros ", informa.
Fonte: Jornal Diário do Nordeste

terça-feira, 22 de novembro de 2011

ARRASTÃO NA VIA EXPRESSA PANICO E TERROR!!!


Os ataques ocorreram no fim da tarde e seguiram por cerca de 20 minutos até a chegada dos primeiros policiais

O pânico tomou conta de motoristas que estavam parados em um congestionamento, durante a tarde de ontem, na Via Expressa, no viaduto situado próximo ao Parque Adahil Barreto, bairro São João do Tauape. Cerca de 10 assaltantes fizeram um ´arrastão´ roubando objetos de valor dos condutores dos veículos, como joias, celulares e dinheiro. De acordo com testemunhas, algumas pessoas abandonaram seus automóveis e correram aterrorizadas tentando fugir dos criminosos.

A ação, que gerou desespero para quem estava na Avenida Almirante Henrique Saboia (Via Expressa) no trecho limite com a Avenida Governador Raul Barbosa, ocorreu por volta das 17h30. Segundo policiais militares que atenderam a ocorrência, aproximadamente 20 veículos foram atacados pelos bandidos. Testemunhas relataram terem ouvidos disparos durante a sequência de roubos.

Favela


Conforme os PMs, os assaltantes são oriundos da Favela do Pau Pelado, comunidade situada às margens da Via Expressa. Os bandidos assaltaram pessoas desde a saída para a Avenida Pontes Vieira até o início do bairro Aerolândia no fim do viaduto, durante cerca de dez a 20 minutos de ´terror´.

Parados no engarrafamento, sem ter como avançar ou recuar, alguns motoristas não suportaram e, desesperados, abandonaram seus veículos correndo na tentativa de se proteger dos assaltantes.

Esse foi o caso do webmaster Lincoln Alcantarino que estava no local com o filho de dois anos. "Corri mais ou menos um quilômetro com meu filho nos braços. Saí em frente à Pontes Vieira, perto da Assembleia, tinha muita gente correndo para lá. Só deixei o local perto das 19h, quando me senti seguro. Um policial me acompanhou e ajudou a recuperar meu carro", relatou Lincoln.

De acordo com a Polícia, quando as primeiras patrulhas conseguiram chegar ao local, os bandidos entraram na Favela e não foram mais vistos. Equipes do Batalhão de Polícia de Choque (BPChoque), do Ronda do Quarteirão, do Raio e duas duplas de motopatrulhas também foram deslocadas, mas somente as motos conseguiam trafegar pela via. Ninguém foi preso. As vítimas do ´arrastão´, segundo os PMs, também não quiseram registrar queixa.

Uma colisão entre um caminhão e uma moto na Raul Barbosa, próximo ao Posto de Observação da PM gerou o congestionamento que acabou facilitando a ação dos criminosos ontem. (Colaborou Luis Márcio Domingues - Diário Online).

Governo eleva salário mínimo de 2012 para R$ 622,73


O Ministério do Planejamento enviou ao Congresso hoje o novo valor para o salário mínimo de 2012, elevando de R$ 619,21 para R$ 622,73. O ofício enviado pela ministra Miriam Belchior atualiza os parâmetros econômicos utilizados na elaboração da proposta orçamentária do próximo ano. A mudança ocorreu por conta da revisão do INPC deste ano, índice usado no reajuste do mínimo.

A previsão de INPC constante da proposta orçamentária enviada originalmente foi de 5,7%. Pela regra do reajuste, o número mais a taxa de 7,5% de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2010, significou o valor de R$ 619,21 para o mínimo, o equivalente a um aumento de 13,6%. Com a atualização, a inflação subiu para 6,65% e o aumento foi para 14,26% para o mínimo atual de R$ 545.

Com esse novo valor de R$ 622,73, os brasileiros serão heróis da sobrevivência, pagando aluguel,água e luz o que sobra?.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Carência de mão de obra provoca obstáculos


Além de causar retardo na execução das obras, a falta de profissionais resulta em má qualidade de serviços

Situação que há anos incomoda quem trafega pelas rodovias estaduais e federais do território cearense, a má conservação das estradas tem levado o poder público a reforçar a elaboração de projetos e a execução de reparos e obras nesse tipo de via. Entretanto, diante da carência de mão de obra qualificada no setor, a utilização adequada dos recursos agora empregados nos serviços gera preocupação entre especialistas e a administração pública.

Para o professor chefe do Departamento de Engenharia de Transportes da Universidade Federal do Ceará (UFC), Jorge Soares, o maior desafio que se apresenta agora aos gestores que irão executar obras nas rodovias é a saber como utilizar a verba de que dispõem. "Antes, o desafio era captar recursos. Agora, é usá-los", aponta. O fato, explica, deve-se ao "atraso" brasileiro no que se refere à tecnologia de pavimentação, gerado pela falta de investimentos no setor, no passado, e consequente carência de mão-de-obra.

Conforme Soares, a deficiência do setor teve início com a extinção do Fundo Rodoviário Nacional, em 1988, reduzindo os investimentos na área e repelindo profissionais - quadro que só começou a ser alterado por volta de 2006, quando o governo federal passou a investir mais fortemente na pavimentação. Por esse motivo, aponta, há uma "geração perdida" de especialistas no setor. "Existe uma geração de engenheiros mais velhos e outra de engenheiros já bem mais novos na área".
Consequência

Como consequência, destaca o professor, a elaboração de projetos, a execução e o acompanhamento de obras por parte do poder público podem ser comprometidos pela carência de profissionais, ocasionando utilização inadequada de recursos e má qualidade do serviço. A falta de mão de obra, complementa, não se restringe aos segmentos mais especializados, mas se estende por todos os níveis do setor - de operadores de máquinas a engenheiros de campo, por exemplo.

A deficiência do poder público no setor pode ser observada, aponta, através da comparação com serviços realizados por concessionárias nas rodovias. Conforme Soares, as rodovias consideradas de melhor qualidade no País são de responsabilidade de empresas privadas. A situação deve-se ao maior rigor das empresas na elaboração de projetos. No caso das estratégias elaboradas pelo governo, afirma, os projetos tendem a ser "desatualizados" em relação aos critérios e tecnologias mais modernos de pavimentação.
POSSIBILIDADE
Concreto é visto como alternativa

Os custos da implantação, contudo, são mais elevados do que os da massa asfáltica tradicionalmente usada

Além da forma como serão executadas as obras, a escolha do tipo de serviço é também uma preocupação de especialistas. Para a professora Verônica Castelo Branco, também do Departamento de Engenharia de Transportes da UFC, falta ao poder público, no caso do Ceará, ser mais "flexível" quanto ao estudo e à adoção de novas tecnologias de pavimentação.

Segundo a professora, além da massa asfáltica tradicionalmente usada no Estado, há diversos outros materiais utilizados no Brasil e em outros países que, em determinados casos, poderiam ser analisados como alternativas para vias da Capital ou rodovias, podendo vir a ser "oficializados" pelos órgãos que planejam as intervenções.

Entre as alternativas indicadas como forma de reverter, ao menos em parte, o cenário de degradação das rodovias de fluxo mais intenso do País e reduzir os gastos com manutenção, a pavimentação com concreto faz parte de dois projetos do governo federal - as duplicações do Anel Viário e da BR-222, entre os quilômetros 11 e 35.

De acordo com o gerente Norte e Nordeste da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) - entidade mantida pela indústria brasileira de cimento -, Eduardo Barbosa de Moraes, esse tipo de pavimentação é principalmente indicado para vias de fluxo intenso de veículos, especialmente aquelas por onde trafegam veículos pesados, como áreas de escoamento de safra e regiões portuárias.

Segundo Moraes, a principal vantagem da pavimentação com concreto, em relação à massa asfáltica utilizada nas rodovias que passam pelo Ceará, é a maior resistência ao peso dos veículos, proporcionando maior durabilidade, com vida útil de até mais de 40 anos.

Além disso, destaca, esse tipo de estrutura oferece mais segurança aos condutores, já que possui uma distância de frenagem menor. O concreto, acrescenta, também retém menos calor - o que, por sua vez, promove uma redução no desgaste do pneu.
JOÃO MOURA
REPÓRTER


Portos cearenses têm desafio de vencer gargalos estruturais


Terminais do Estado comemoram alta na movimentação, mas cenário poderia ser melhor sem as barreiras

O crescimento da economia brasileira tem animado o setor portuário nos últimos anos. Entram na comemoração também os portos cearenses que anunciam ter superado até agora as expectativas de volume de carga movimentada no ano. No Pecém, já foram movimentadas, até outubro, 2,7 milhões de toneladas e, por lá, espera-se atingir, ainda em novembro, o total de três milhões de toneladas. No mesmo caminho segue o Porto do Mucuripe, que já movimentou 3,4 milhões de toneladas de carga. Contudo, o cenário poderia ser ainda melhor não fossem as barreiras estruturais que os portos ainda enfrentam.

A área do pátio do Mucuripe está "estrangulada", segundo o presidente da Companhia Docas do Ceará, Paulo André Holanda. Ele explica que 40% do espaço está tomado por aerogeradores, carga que impede o trânsito de outras mercadorias e, portanto, gera prejuízo. "Estamos deixando de receber outras cargas por isso. Muitos estão parados por embargos junto à Semace, outros por problemas com a Receita. Uma solução é o desembaraço antecipado, mas ainda não funciona como deveria", lamenta.

Novo terminal

Uma solução momentânea em vista será a construção do novo terminal de passageiros, que agregará uma área de 40 mil metros quadrados - entre a estação de passageiros, retroarea e um cais - e deve ficar pronto em dez 2013. Somente o novo cais, com 350 metros de comprimento e 14 metros de profundidade, permitirá que um navio grande porte, ou dois médios ou pequenos, atraque também no Mucuripe. "É um alívio, mas ainda não resolve o problema, porque esperamos que a economia continue aquecida e que, por isso, os portos também", avalia.

Pátio lotado


O gargalo no Pecém é parecido, mas não chega a ser exatamente o mesmo. O pátio de lá está lotado, mas o problema é a grande quantidade de contêineres vazios, ou seja, não há espaço, porque há falhas na logística de importações e exportações. O gerente operacional do Porto do Pecém, José Alcântara, detalha que, atualmente, a maior parte da carga que sai por lá é de frutas, mercadoria que exige container refrigerado. Contudo, não há muito volume de importação do mesmo segmento, o que significa que esses tipos de contêineres chegam vazios aqui.

"De janeiro a outubro deste ano, 42% de todas as frutas que saíram do País foram via Pecém. Assim dá pra imaginar a quantidade de contêineres vazios que chegam pra ficarem parados aqui: cerca de 9 mil só neste ano", afirma Alcântara. E, se nada for feito, o entrave tende a aumentar. Só do ano passado para hoje, a exportação dessa mercadoria cresceu 16% no Porto do Pecém.

"O ideal seria ocupar de qualquer forma esses contêineres que vão e vem, ainda que com cargas de baixo valor agregado", diagnostica.

Seminário aborda temas


Os gestores dos portos devem discutir essas e outras questões a partir do próximo dia 22, durante o VI Seminário SEP de Logística e a III Feira de Tendências de Logística do Norte e Nordeste, que acontecerá no hotel Gran Marquise, até o dia 25 deste mês. O objetivo de mobilizar a cadeia produtiva para questões como Porto sem Papel, Inteligência Portuária e Modernização dos Portos Brasileiros para Copa de 2014.

Segundo a Secretaria dos Portos da Presidência da República, apesar da crise mundial afetar o comércio exterior de vários países, o Brasil experimenta um crescimento de 11,07% no volume total de carga movimentada, somente no período de janeiro a setembro de 2011, em comparação a todo o ano de 2010. Esse volume representa 683,2 milhões de toneladas e revela que o País já vinha numa recuperação forte da crise anterior, de 2008/2009, quando a movimentação de carga nos portos brasileiros caiu 4,61% entre os dois anos. Em relação aos esforços da Secretaria, tanto a direção do Porto do Pecém, quanto a do Mucuripe, são enfáticas em afirmar que isso se deve pela "autonomia" em relação ao Ministério dos Transportes.

"Os portos do País, nos últimos 20, 25 anos ficaram sem nenhum investimento. Agora, tem um lobby de alguns deputados querendo que a Secretaria dos Portos volte à esse patamar. Isso pode ser um retrocesso para o setor, que só está crescendo. Até março de 2012, cerca de 15 portos estarão com a dragagem completa, pelo Plano Nacional de Dragagem", defende Paulo André Holanda.


ANA CAROLINA QUINTELA

REPÓRTER

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Negros representam 70,6% dos desempregados na RMF



Estudo elaborado pelo IDT aponta as insistentes desigualdades raciais presentes no mercado de trabalho da Capital
 
A população negra ainda sofre com a desigualdade no mercado de trabalho da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), onde responde por 70,6% do contingente de desempregados. Além da maior dificuldade de inserção, o negro está mais presente no trabalho precário sem carteira assinada, como autônomo e no emprego doméstico. Os dados são da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) Especial População Negra divulgada ontem, pelo Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (IDT), vinculado à Secretaria Estadual do Trabalho e Desenvolvimento Social (STDS), e o Departamento Intersindical e Estudos Socioeconômicos e Estatísticos (Dieese).

Conforme o estudo, entre 2009 e 2010, houve geração de 83 mil postos de trabalho na RMF, contribuindo para a redução da taxa de desemprego total de 11,4% para 9,4% da População Economicamente Ativa (PEA). Em números absolutos, foram contabilizados 29 mil pessoas a menos na fila do desemprego, totalizando 165 mil desempregados na RMF em 2010.

Considerando a raça, a taxa de desemprego total entre os negros ficou em 9,7% nesse ano contra 8,8% dos não negros. Em 2010, eram, respectivamente, de 12% e 10,1%.
Construção civil


Acompanhando o aquecimento da construção civil - setor que mais ampliou a participação nas ocupações em 2010 - a população negra foi a que mais cresceu no âmbito dessa atividade produtiva. No total, o percentual de trabalhadores ocupados na construção civil passou de 5,9% para 7% entre 2009 e 2010. Já a participação dos negros aumentou no mesmo período de 6,5% para 8,1%. "Isso ocorre porque esse é um setor de atividade, que se caracteriza por ter ocupações mais precárias", explica Erle Mesquita, técnico do IDT.
Horas trabalhadas
Em relação à jornada de trabalho, os negros também estão em desvantagem, segundo o estudo. A jornada média de trabalho dessa fatia da população na RMF é de 44 horas semanais contra 43 horas dos não negros. No que diz respeito às formas de inserção ocupacional, o assalariamento formal no setor privado aumentou de 35,2% para 37,7% do total de ocupados entre 2009 e 2010. Entretanto, os negros são destaque na inserção em ocupações mais precárias, como o assalariamento sem carteira, o trabalho autônomo e o serviço doméstico. "Mais da metade ou 50,7% dos ocupados da população negra está presente nessas três formas de inserção, um porcentual bem superior aos dos não negros nas respectivas posições na ocupação", observa Erle Mesquita.
Setor público

O levantamento mostra que, em termos proporcionais, há menor inserção de negros no setor público, onde, em geral, estão as melhores condições de trabalho, envolvendo planos de cargos e salários e remunerações melhores do que no setor privado. Em 2010, enquanto o rendimento médio real dos assalariados na iniciativa privada foi de R$ 810,00, no setor público o valor foi em média de R$ 2.083,00. A diferença de renda, segundo o estudo é da ordem de 24%. "A cada R$ 100,00 pagos ao trabalhador negro, o não negro ganha R$ 124,00", explica.

Para Luiz Bernardo, coordenador das Políticas de Proteção da Igualdade Racial da Prefeitura de Fortaleza, há ainda outros pontos nevrálgicos, que não são detalhados na pesquisa, como a inexistente participação do negro nas áreas de saúde, turismo e educação. "Não temos médicos e técnicos de saúde negros. Só a elite branca se forma em medicina nesse país. Vemos que a população negra não tem representatividade no receptivo turístico. O negro pode trabalhar no bar, mas nunca o vemos numa recepção. Representamos 51% da população brasileira, mas não temos destaque na educação. Setores que reproduzem ideologias nesse país estão órfãos da participação da população negra", denuncia.
Ângela Cavalcante

Repórter



quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Flagrantes da Lei Seca aumentam 985% no feriado


Segundo a PRE, até ontem, houve um acréscimo de 51% nos flagrantes em relação a todo o ano de 2010

Durante o feriado da Proclamação da República, a Polícia Rodoviária Estadual (PRE) intensificou a fiscalização nas estradas estaduais e registrou um alto número de condutores alcoolizados. A operação, que iniciou às 18 horas da última sexta-feira (11), e terminou na manhã de hoje, flagrou 76 motoristas alcoolizados.

Segundo o comandante da Polícia Rodoviária Estadual (PRE), coronel Túlio Studart, houve um acréscimo de 985% nos flagrantes em relação ao mesmo período do ano passado, quando a PRE registrou apenas sete motoristas dirigindo embriagados.

Conforme o Coronel, durante o feriado, a operação foi realizada por 420 policiais militares, 22 viaturas, 52 motos e 80 bafômetros em 33 blitze diárias. Ele ressaltou que o aumento nos flagrantes se deve à intensa fiscalização, já que no ano passado havia apenas dez pontos de fiscalização nas CEs no mesmo período. "Antes a fiscalização era realizada apenas nas rodovias, agora temos blitze no retorno das praias, saída de bares e casas de shows. A ação contribuiu para o aumento de flagrantes", destacou.

O coronel Túlio Studart enfatiza que a estratégia tem como objetivo evitar que os condutores dos veículos ingiram bebida alcoólica, amenizando os acidentes nas estradas, e não arrecadar dinheiro com multas. Ainda de acordo com ele, a ação não se restringe somente aos feriados. Durante a semana e fins de semana há dez pontos de fiscalização na zona urbana de Fortaleza.

Até ontem, a PRE flagrou 844 motoristas na lei seca, sendo que 215 foram levados até a delegacia e 628 respondem a processos administrativos. De acordo com dados do órgão, o número é bem maior do que todo o ano anterior, quando o órgão registrou 411 flagrantes, sendo que 121 condutores foram levados à delegacia e 290 respondem procedimentos administrativos. O dados revelam um acréscimo de 51% em relação aos 12 meses de 2010.

Segundo o coronel Túlio Studart, a maioria dos flagrantes aconteceu na Capital e um fator preponderante para esse acréscimo, segundo ele, é o descrédito da lei por parte dos condutores, já que, conforme ele, há uma brecha que permite que os condutores se recusem a fazer o teste do bafômetro.

"Sou a favor da reforma da Lei seca, que deve estabelecer tolerância zero, aumentar a pena e estabelecer que o exame clínico, testemunhas e vídeos sejam usados como prova", afirma o coronel.

Fique por dentro 
O que diz a Lei


A Lei Federal Nº 11.705/08, Lei Seca, foi sancionada em 19 de junho de 2008, com o objetivo de diminuir o número de acidentes no trânsito no Brasil, prevendo maior rigor contra o motorista que ingerir bebida alcoólica. A punição para quem descumprir a norma varia entre a suspensão da carteira de habilitação por um ano, multa de R$ 955,00 e retenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH). Antes da norma, dirigir alcoolizado gerava multa gravíssima e processo de suspensão do direito de dirigir por até um ano. A diferença é que, hoje, o prazo começa com 12 meses. A infração passou a ser considerada crime, ou seja, o infrator, além da sanção administrativa, sofre processo criminal, a partir de denúncia do Ministério Público Estadual (vias municipais ou estaduais) ou Federal.

OPERAÇÃO

PRE apreendeu 218 veículos nas CEs

Outra problemática enfrentada pelas equipes de fiscalização durante o feriado foram os condutores dirigindo sem a Carteira Nacional de Habilitação (CNH), ou com licenciamento atrasado. Segundo a Polícia Rodoviária Estadual (PRE), as apreensões de veículos por esse dois motivos aumentaram 1.111% em relação ao mesmo período do ano passado. No feriado da Proclamação da República do ano passado foram apreendidos 18 veículos, já este ano foram 218 apreensões nas rodovias estaduais do Ceará.

Conforme o comandante da PRE, coronel Túlio Studart, cerca de 60% das apreensões foram realizadas pela ausência da CNH e grande parte dos veículos foram motos: "Essa realidade não é encontrada somente nos feriados. Diariamente flagramos em média 50 motociclistas sem habilitação".

A situação, segundo ele, é um dos fatores responsáveis pelo grande número de acidentes nas estradas estaduais. De acordo com Studart da última sexta-feira até ontem foram registrados 34 acidentes com 20 feridos e seis mortes, sendo que três óbitos envolviam motocicletas. No mesmo período do ano passado o número de acidentes foi menor (44). Em contrapartida foram registradas apenas três mortes nas CEs.

Ainda de acordo com os dados de janeiro deste ano até ontem, a PRE apreendeu 7.227 veículos na Capital e Região Metropolitana. Destes, 3.802 eram motos, outros 2.504 eram carros e 921 mobiletes.

KARLA CAMILA

ESPECIAL PARA CIDADE